Síndrome Disfórica e Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
A Organização Mundial de Saúde ainda não reconheceu a tensão pré-menstrual como uma entidade patológica; enquanto isso a classificação norte americana já diferencia Síndrome pré-menstrual (Premenstrual Syndrome) da Desordem Disfórica Pré-Menstrual (Premenstrual Dysphoric Disorder). Esta deficiência, contudo, deverá ser corrigida na 11ª edição do Código Internacional das Doenças.
Não restam muitas dúvidas que existe um transtorno relacionado às fases do ciclo ovariano; quanto a serem dois distúrbios não se tem tanta certeza. Está sendo discutido e estudado se a Síndrome P-M e a Desordem Disfórica P-M são a mesma coisa, provavelmente sim.
Qual a diferença entre elas?
A Síndrome P-M refere-se às variações físicas e do humor nas mulheres. Surge uma a duas semanas antes da menstruação e desaparece no fim do fluxo menstrual. Este transtorno é tratado pelos ginecologistas. A Desordem Disfórica P-M não apresenta necessariamente a sintomatologia física enquanto a alteração do humor é grave o suficiente para interferir nas atividades rotineiras ou trabalhistas.
Trataremos aqui como uma só doença pelo nome mais comum em nosso meio: Tensão Pré-Menstrual (TPM).
A TPM é comum?
Aproximadamente 80% das mulheres em fase reprodutiva apresentam sintomas na fase pré-menstrual, sendo que apenas 3 a 5% de forma grave a ponto de impedir a rotina ou o trabalho. Seu início ocorre em média aos 26 anos de idade e tende a piorar com o tempo. As mulheres mais sujeitas a este problema são aquelas que sofrem de algum problema depressivo ou possuem algum parente com problemas de humor. As mulheres que tiveram depressão pós-parto (uma condição considerada benigna) também estão mais sujeitas.
Principais Sintomas
Psicológicos: Irritabilidade, nervosismo, descontrole das ações ou emoções, agitação, raiva, insônia, dificuldade de concentração, letargia (lentificação para fazer as coisas), depressão, sensação de cansaço, ansiedade, confusão, esquecimento freqüente, baixa auto-estima, paranóia, hipersensibilidade emocional, ataques de choro.
Gastrintestinais: Dores abdominais, inchaço, constipação, náusea, vômitos, sensação de peso ou pressão na pelve.
Dermatológicos: Acne, inflamações na pele com coceira, agravamento de problemas dermatológicos preexistentes.
Neurológicos: Dores de cabeça, tonteira, desmaios, entorpecimento, irritabilidade, sensação de zumbido, machucar-se facilmente, contrações musculares, palpitações, descoordenação dos movimentos.
Outros: Aumento da retenção de líquido causando sudorese fácil, intumescimento das mamas, e ganho de peso periódico, diminuição do volume da urina (o que contribui para a retenção de líquido). Aumento da predisposição a alergias e gripes, alterações visuais (talvez devido a retenção de líquidos), conjuntivites (não necessariamente infecciosa), palpitações do coração, dores menstruais, diminuição da libido (desejo sexual), mudanças no apetite (para mais ou para menos), ondas de calor.
O que pode ser confundido com a TPM?
Causas psiquiátricas: Depressão, Distimia, Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pânico, Transtorno Bipolar.
Causas médicas: Anemia, Distúrbios autoimune, hipotireoidismo, diabetes, epilepsia, endometriose, síndrome da fadiga crônica, doenças do colágeno.
Quais são as causas da TPM?
A causa não é conhecida, mas pelas características está relacionada à elevação do estrogênio na fase pré-menstrual ou a queda da progesterona.
Contudo, esses dois fatores não são os únicos envolvidos: esses hormônios podem afetar as neurotransmissões e aí então causar os sintomas psiquiátricos. Pode também afetar os receptores fora do Sistema Nervoso Central provocando os diversos outros sintomas.
Como se identifica a TPM?
Durante o intervalo de 12 meses a mulher deverá ter apresentado na maioria dos ciclos pelo menos cinco dos sintomas abaixo:
- Humor deprimido
- Raiva ou irritabilidade
- Dificuldade de concentração
- Falta de interesse pelo que se costuma gostar
- Aumento do apetite
- Insônia ou hipersonia
- Sensação de falta de controle sobre si mesmo
- Algum sintoma corporal
Como se Trata a TPM?
Com modificação na dieta, aumentando-se a quantidade de proteínas e diminuindo o açúcar, o sal, o café e o álcool. Fazendo exercícios regularmente, evitando o estresse, suplementando a dieta com vitamina B6, cálcio e magnésio.
As alternativas medicamentosas são com contraceptivos orais e com antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina. Recentemente a FDA (Food and Drug Administration) autorizou o uso da fluoxetina para o tratamento da TPM nos EUA.